Muito se discute sobre o retorno das atividades comerciais e
industriais, relacionadas ao impacto mais direto que a pandemia trará para a
economia brasileira, no entanto, deixamos de lado os debates e as ações sobre
as atividades de ensino, inerentes à formação intelectual e ao desenvolvimento
como um todo. Posto isso, entendo que as instituições de ensino em geral, referindo-me
as faculdades, universidades, escolas de ensino básico, técnico, etc. deveriam
ocupar um espaço mais central no debate em virtude de serem os centros
irradiadores de conhecimento e formação de profissionais em nossa sociedade. Afinal,
qual o papel das instituições de ensino neste momento tão delicado?
Para tanto, divido as funções essenciais destas instituições
em 3: 1) São centros difusores de conhecimento e de informação; 2) Servem de “filtro” para as informações e
para o conteúdo disponível e 3) São pioneiras
em inovações voltadas à solução de problemas. Com base na importância
dessas funções, cabe desenvolver mais especificadamente cada uma.
Em primeiro lugar, cumpre salientar a importância que o
conhecimento e a informação detém neste momento. Não resta dúvida que para
superarmos a pandemia do COVID-19 é preciso estarmos bem informados, mas, por
vezes, o acesso à informação não atinge a todos da mesma maneira, não só porque
a informação não alcança todos os indivíduos, como também porque carecem de uma
pré-compreensão para interpretar esta informação. O papel das instituições de
ensino estaria justamente em facilitar o
acesso e o entendimento da informação, abrangendo o maior número de pessoas
possível na comunidade.
Nesse sentido, o conhecimento, em especial neste momento de
crise, pode estar fragmentado e até impreciso. Dito de outra forma, é preciso
que exista um filtro acerca daquelas informações realmente verdadeiras e úteis,
afastando a desinformação, uma das
principais dificuldades enfrentadas na atualidade; reside aí mais um importante
espaço a ser preenchido pela universidade. Ademais, uma última atribuição para
as instituições de ensino está, precisamente, no desenvolvimento científico,
teórico e técnico, ou seja, na pesquisa
voltada para a inovação. Muito
noticiou-se sobre a participação de universidades na busca por uma vacina, na
produção de respiradores alternativos e baratos, EPI’s e, inclusive, em
pesquisas de campo e de opiniões que, muitas vezes, orientam as decisões
tomadas pelos governantes. Portanto, é notória a importância das instituições
de ensino em nossa sociedade, cada vez mais.
Como preceitua o artigo 207 da Constituição Federal: “As
universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de
gestão financeira e patrimonial, e obedecerão ao princípio de
indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão”. Além de garantir autonomia para as
instituições de ensino, ainda que públicas, postula um princípio sob o qual
será organizada a estrutura da atividade da educação.
A estrutura dessas instituições, especialmente a
universitária, é formada pelos tríade: ensino,
pesquisa e extensão. Estes três pilares fundamentais compõe o núcleo sob o
qual é organizado o sistema de aprendizado. O ensino é a concepção mais
tradicional, é a academia, transmissão de conhecimento entre professores e
alunos de forma direta por meio de disciplinas curriculares. A pesquisa é nova
produção ou organização de conhecimentos, é o ir além, aprofundar e inovar
diante de problemas e controvérsias, sejam acadêmicas ou da vida prática,
voltadas a apontar soluções e alternativas. Por fim, a extensão, como já
sugere, é o ato de estender o conhecimento produzido na universidade além de
seus domínios, dito de outra maneira, aproximar a sociedade daquilo que é
discutido na instituição, em síntese, retribuir o investimento e devolver para
a sociedade o que se espera.
Desta forma, esses baluartes, encaixam-se perfeitamente no papel
das instituições de ensino na pandemia do COVID-19, pois a própria organização
destas não permite que permaneçam inertes e fechadas, aquém da realidade, mas incentiva
que busquem uma aproximação real com a sociedade e suas mazelas (extensão),
oferecendo conhecimento e informação confiável (academia/ensino) e,
especialmente, buscando soluções para os problemas enfrentados (pesquisa).
Com efeito, é imprescindível que o papel das instituições
aqui apresentadas seja entendido e discutido de forma central, a fim de colocar
em prática a real função a ser desempenhada pelas escolas, faculdades e
universidades. Não devemos mais visualizar estas em um mundo à parte, mas sim,
como verdadeiras engrenagens essenciais à serviço da comunidade e, cada vez
mais, em comunhão de objetivos e conquistas.
Agradeço o apoio de todos e até a próxima.
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